A Matemática é "um jogo" para mais de 6 anos?!

“Não existe idade mínima para estimular o raciocínio lógico e numérico!”

Mariana Sousa

Muitas vezes ouvimos as crianças e os jovens dizerem “Não percebo nada de matemática”

A Matemática é um Mundo, é um conjunto de vários temas que têm em comum conterem números e necessitarem de raciocínio lógico. Se dissermos que não temos jeito nenhum para o desporto, estamos a ser vagos, certo? Podemos não ter jeito para ginástica, para natação ou para futebol, mas com certeza deverá existir uma atividade física, dentro da panóplia de todas as que existem, em que nos adaptemos! Na matemática acontece o mesmo. Temos quatro grandes elementos estruturais, álgebra, aritmética, geometria e estatística e probabilidade, que se subdividem em muitos conteúdos e que utilizam tipos de raciocínios diferentes. Certamente, que dentro de todas estas opções, haverá algumas em que sentiremos mais dificuldades mas noutras teremos mais facilidade e apetência. 

Esse é o encanto desta disciplina, nunca nada está perdido! Se o aluno não se “saiu tão bem” nas expressões numéricas e funções, pode identificar-se mais com a trigonometria ou com os conceitos de áreas e volumes, por ter um melhor raciocínio viso-espacial do que numérico, por exemplo.

Os conteúdos trabalhados em matemática são fundamentais para a nossa vida, e não falo na vertente profissional (onde também são necessários), falo no quotidiano! Principalmente os conteúdos mais básicos, os primeiros, os que ensinamos no primeiro ciclo. Como fazemos uma receita se não sabemos o que é ¾ de chávena? Se tivermos 10€ para comprar fruta, como sabemos que quantidade conseguimos comprar? Se nos pedirem para levar meia dúzia de pães?!

Não existe idade mínima para estimular o raciocínio lógico e numérico! Não podemos ensinar inequações a uma criança de 4, 5 ou 6 anos, mas podemos ajudá-la a perceber a noção de quantidade, introduzir o conceito de soma e subtração, falar em frações,… Elas não precisam de saber o nome destes conteúdos, mas podem saber utilizá-los! É importante termos em consideração o nível de desenvolvimento de cada criança e aluno, nem todos podem ser estimulados da mesma forma na mesma faixa etária, mas podemos explorar, podemos deixá-los fazer perguntas, ter curiosidade e ver até onde conseguimos ir, porque não?!

Nestas idades, a maioria das crianças têm uma esponja dentro delas, que absorve tudo o que ouvem e que aprendem, como adultos podemos, e devemos, aproveitar essa sede de quererem saber mais para estimular estas áreas (assim como outras), através da brincadeira ou de atividades do dia-a-dia. O truque é o recurso ao concreto! É aplicar os conceitos em 4D, utilizar objetos, utilizar as mãos! Não interessa, só, saber pegar num lápis.. 

Podemos utilizar as situações do dia-a-dia para trabalhar:

  • Noção de quantidade:

Dê um maior número de bolachas à criança e retire menos para si. Pergunte quem tem mais e menos e conforme forem comendo vão fazendo esta análise, para que a criança perceba que quando se retira a quantidade diminui. Também podem contá-las, acrescentar e retirar,…

Também pode explorar o mesmo conceito mas com copos, enchendo mais um copo do que outro. Ou com um bolo, dando uma fatia maior a um e mais pequena a outro. Analisem novamente quem tem mais e menos e perceba junto com a criança o que tem de fazer para ficarem com a mesma quantidade, diminuindo ou aumentando. 

  • Conceito de adição/ subtração e multiplicação/ divisão (para os mais velhinhos): 

Se a criança está a brincar com cinco carrinhos, peça-lhe que lhe dê um, pergunte-lhe com quantos ficou. A ideia é que entenda que se fica com menos, se diminui é porque retira. 

Por outro lado, se forem ao supermercado e tiver duas maçãs no saco mas quiser cinco, quantas mais tem de tirar do cesto? Neste caso, para ter mais, a criança vai perceber que tem de adicionar. Aplicar estes conceitos de adição e subtração na prática, vai ajudá-los mais à frente, a entender que operação devem usar para resolver problemas matemáticos.

Se for possível ir mais além e introduzir a multiplicação e a divisão, podem brincar com seis legos e quererem ter os dois a mesma quantidade, pergunte como podem distribuir os legos para ficarem com o mesmo número cada um. E se tiverem seis garrafas de sumo no carrinho de compras e cada garrafa custar 2€, quanto vão pagar? Neste caso, a criança também poderá utilizar a soma, não tem problema, a soma é a base da multiplicação.

  • Frações

Se forem comer pizza ao almoço, corte-a em seis fatias, ao comer uma, está a comer uma de seis (um sexto, para os mais velhinhos), se comer duas, então duas de seis. Pode aproveitar para trabalhar também a soma e a subtração, por exemplo. O objetivo será que a criança entenda que o que vem a seguir ao “de” é o total e antes do “de” é o que estamos a avaliar, neste caso, o número de fatias de pizza que comemos.

São algumas ideias que pode utilizar no dia-a-dia para despertar o interesse e o raciocínio das crianças para estes conceitos, o importante nesta fase não é que saibam os nomes mas que percebam a aplicabilidade. Explore também as figuras geométricas, associando a coisas que utilizam ou veem normalmente, a laranja é o círculo, a porta o retângulo, …

Experimentem!

Vamos retirar a matemática do papel?

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