“Certamente que já ouvimos centenas de vezes ouvimos a expressão “colocarmo-nos no lugar do outro”… E quando o outro é o nosso filho?”
Sabemos que a relação entre os pais e a criança é um fator fundamental perante o desenvolvimento e a estabilidade psicossocial da criança, e se essa relação for conflituosa a tendência para surgirem problemas emocionais e comportamentais aumenta. A qualidade das interações parentais é a base para a criação de uma relação de confiança e intimidade, com consequências ao nível das experiências, expressão e regulação de emoções da criança.
Maioria dos investigadores que se focou no tema da empatia concorda que esta se divide em duas facetas: a empatia cognitiva, que consiste na dedução dos pensamentos/sentimentos dos outros, e a empatia emocional ou afetiva que é entendida como uma resposta afetiva a outra pessoa. No fundo, a empatia diz respeito ao reconhecimento e entendimento do estado emocional da outra pessoa mas também à própria experiência afetiva desse estado.
E porque é a empatia uma qualidade importante para uma mãe e para um pai? Apesar de ser um tema ainda não muito estudado no campo da parentalidade, sabemos que contém uma relação com a mesma. Há evidências que a existência de défices empáticos é um fator de risco para comportamentos agressivos, e que uma das causas para atitudes desadequadas por parte dos pais é a sua falta de empatia face à criança.
Está também estudado que filhos de pais mais empáticos acabam por ter comportamentos mais adaptativos bem como benefícios emocionais e fisiológicos durante a adolescência. Além disso, estas crianças tendem a ter uma maior autoestima, maior capacidade de autorregulação emocional, menores sintomas de internalização (e.g., depressão) e de externalização (e.g., agressividade).
No fundo, pais mais empáticos são pais mais atentos nas capacidades dos seus filhos, mais qualificados para perceber e antecipar as suas necessidades e demonstram interações mais harmoniosas, com maior partilha de afeto.
Mesmo para os próprios pais, ser empático pode proporcionar uma maior sensação de propósito, aumentando o seu bem-estar.
Assim, a empatia tanto da parte dos pais como da parte dos filhos é um fator psicológico significativo para a a qualidade da relação pais-filhos, a qual está associada à forma como os pais reagem aos comportamentos dos filhos bem como ao seu ajustamento psicológico.